(Mote)
Vai o rio de monte a monte,
Como passarei sem ponte?
(Voltas)
É o vau mui arriscado,
só nele é certo o perigo;
O tempo como inimigo
tem-me o caminho tomado.
Num monte está meu cuidado,
e eu, posto aqui noutro monte,
como passarei sem ponte?
Tudo quanto a vista alcança
coberto de males vejo:
D'aquém fica meu desejo
e d'além minha esperança.
Esta, contínua, me cansa
porque está sempre defronte:
Como passarei sem ponte?
Francisco Rodrigues Lobo
[Poemas & poetas]
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