13.3.15

Francisco Rodrigues Lobo (Como passarei sem ponte?)





(Mote)

Vai o rio de monte a monte,
Como passarei sem ponte?



(Voltas)

É o vau mui arriscado,
só nele é certo o perigo;
O tempo como inimigo
tem-me o caminho tomado.
Num monte está meu cuidado,
e eu, posto aqui noutro monte,
como passarei sem ponte?

Tudo quanto a vista alcança
coberto de males vejo:
D'aquém fica meu desejo
e d'além minha esperança.
Esta, contínua, me cansa
porque está sempre defronte:
Como passarei sem ponte?


Francisco Rodrigues Lobo

[Poemas & poetas]

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