27.3.15

José Miguel Silva (Tudo coisas mortais)





TUDO COISAS MORTAIS PARA A POESIA



A casa, o lume, o sono dobrado
do corpo feliz, a cesta de figos,
a curva do rio, a fotografia
no cimo do monte, a veracidade
das glicínias, o rosto da mãe,
a fava no bolo, o trunfo de copas,
o filme da tarde, a música nova,
o rasto da chuva por entre os pinheiros,
as aves que voltam, os dias que passam
perto de nós.


José Miguel Silva

[Arquivo de cabeceira]

.