29.3.15

Louise Glück (Nostos)





NOSTOS



There was an apple tree in the yard
- this would have been
forty years ago - behind,
only meadows. Drifts
of crocus in the damp grass.
I stood at that window:
late April. Spring
flowers in the neighbor's yard.
How many times, really, did the tree
flower on my birthday,
the exact day, not
before, not after? Substitution
of the immutable
for the shifting, the evolving.
Substitution of the image
for relentless earth. What
do I know of this place,
the role of the tree for decades
taken by a bonsai, voices
rising from the tennis courts.
Fields. Smell of the tall grass, new cut.
As one expects of a lyric poet.
We look at the world once, in childhood.
The rest is memory.

Louise Glück




Havia uma macieira no pátio
- há coisa talvez de quarenta anos -
para trás só campos. Ondas
de açafrão sobre a erva húmida.
Pus-me à janela, aí por fins de Abril,
a olhar no pátio do vizinho
as flores da Primavera.
Quantas vezes floresceu
a árvore no dia dos meus anos,
nesse dia exacto, não antes, nem depois?
Substituição do imutável por aquilo
que se transforma, pelo que evolui.
Substituição da imagem pela
terra implacável. O que sei eu
deste lugar, do papel desta árvore
tomada por um bonsai anos a fio,
vozes a vir dos campos de ténis.
Campos, o cheiro da erva alta, cortada de fresco.
Como se espera de um poeta lírico.
Olhamos o mundo uma vez, na infância.
O resto é lembrança.

(Trad. A.M.)


>>  Poetry Foundation (perfil+42p) / Poets (10p) / Wikipedia

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