16.1.14

José María Parreño (Hei-de enterrar-te num verso)





Te enterraré en un verso
que no he encontrado aún,
maniatada con tinta
en una zanja escrita a tu medida,
en un renglón de abismo
cavado para ti.
Te haré pedazos, letras.
Desmembrada. Y así
todos podrán leerte
y nadie, escúchame,
nadie
descubrirá tu cuerpo.

José María Parreño

[Huelva sur]



Hei-de enterrar-te num verso
que até agora não achei,
maniatada com tinta
numa vala escrita à tua medida,
numa carreira de abismo
cavada para ti.
Hei-de fazer-te em pedaços, letras.
Desmembrada. E assim
todos poderão ler-te
e ninguém, ouve,
ninguém
descobrirá o teu corpo.

(Trad. A.M.)

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