¡He nacido y he muerto tantas veces!
El hombre que ahora soy no lo comprendo,
acaso no soy yo, es aquel otro
hundido y olvidado por las calles
que en una tarde amarga dejé solo.
Y quiero recordarlo y se me borra
perdido en la salida de los cines,
acaso en un retrato que mi madre
guardaba de la luz con mano triste.
Pero voy comprendiendo. Me supongo
acaso como soy, y escribo versos
y sueño para todos... Sí, comprendo,
para nacer hay que morir primero.
José Luis Hidalgo
Nasci e morri tantas vezes!
O homem que sou agora não o entendo,
não sou eu talvez, mas esse outro
perdido e esquecido nas ruas,
o que eu deixei só em tarde amarga.
Quero lembrá-lo e apaga-se
perdido à saída do cinema,
talvez numa foto que minha mãe
guardava da luz com mão triste.
Mas vou entendendo. Suponho-me
talvez como sou e faço versos
e sonho para todos... Sim, compreendo,
para nascer é preciso morrer primeiro.
(Trad. A.M.)
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