18.7.12
Almeida Garrett (Tenho mais que fazer)
Isto pensava, isto escrevo; isto tinha na alma, isto vai no papel: que doutro modo não sei escrever.
Muito me pesa, leitor amigo, se outra coisa esperavas das minhas VIAGENS, se te falto, sem o querer, a promessas que julgaste ver nesse título, mas que eu não fiz decerto.
Querias talvez que te contasse, marco a marco, as léguas da estrada? palmo a palmo, as alturas e as larguras dos edifícios? algarismo por algarismo, as datas de sua fundação? que te resumisse a história de cada pedra, de cada ruína?
Vai-te ao padre Vasconcelos; e quanto há de Santarém, peta e verdade, aí o acharás em amplo fólio e gorda letra: eu não sei compor desses livros, e quando soubesse, tenho mais que fazer.
- ALMEIDA GARRETT, Viagens na minha terra, XXIX.
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