O Inverno zurrava lá de riba da Nave, tão ventoso e com pancadas de água tão rijas que pareciam os penedos dos barrocais a rolar por ali abaixo, de escantilhão.
As hortas nadavam na cheia, raro o folhareco de couve a que lançar os dedos.
Inteigava-se o cristão com caldo de castanhas piladas, miga de unto, pão com cebola ruda ou umas azeitonas do Távora mais pequenas que carrapatos.
Andavam os pobres a lazarar, de povo em povo, sequinhos como as palhas em que se deitam.
- AQUILINO RIBEIRO,
Terras do Demo, 1.ª parte, VII.
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