8.12.11
Aquilino Ribeiro (Noites luarentas)
O rio, aos pés da folha, num reboar constante de artilharias a trote, crescia até ao rés das terras altas, tolhendo ao viandante e ao carteiro da vila com as cartas do Brasil o passo de alpoldras e pontões.
O temporal abatia árvores, derrotava telhados, estoirava a madre às nascentes, alagava tudo, quase se via mais mar que terra.
Nas noites luarentas, acendiam-se os charcos e eram espelhos, estendais de espelhos de lume vivo, onde a Lua e as estrelas se miravam, e até anjos e Nossa Senhora, se chegassem a uma janelinha do céu, veriam o rosto fagueiro.
- AQUILINO RIBEIRO, Terras do Demo, 1.ª parte, XI.
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