23.10.10

José Agostinho Baptista (Perda)






PERDA




Fazem-se de soluços
as embriagadas estações do teu vulto,
e calam-se,
calam-se outra vez os sinos quando te
levantas de costas para os templos,
amaldiçoando as cidades,
os relógios que arruínam o corpo para sempre,
sabendo que no fim das veredas de lama se
abre uma clareira de ossos dispersos, com o
terror por dentro,
com as bússolas que há muito perderam o
norte e jazem como tu, entre a imobilidade e
a ferrugem.



JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA
Agora e na Hora da Nossa Morte
Assírio & Alvim
(1998)

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