DÉCIMO SEXTO CASTELO DE HOLANDA
Às vezes escrevo num caderno
pequenas frases. Coisas sem
nexo e sem nenhuma legitimidade
para um dia poderem dar lugar a
um verso. Escrevo-as de noite
a meio do sono e no dia seguinte
não sei que sentido lhes possa
atribuir. E que quererão dizer
as que p’la madrugada de ontem
anotei?
“O chão seco da tua morte. O
duplo touro.
Cilindros de oiro. De quem era
a sala das sombras? Coisas de
vaidade, o meu relógio, o globo
onde lês as cidades do mundo”.
Às vezes deixo-me ficar sentado,
como agora estou a esta mesa no
quarto do hotel
e os sentidos prendem-se a essas
palavras que valem o que vale
uma viagem ao extremo da maior
melancolia da noite.
João Miguel Fernandes Jorge
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