7.7.22

W. B. Yeats (Rumo a Bizâncio)




RUMO A BIZÂNCIO

 

I
Este país não é para velhos. Jovens
abraçados, pássaros que nas árvores cantam
- essas gerações moribundas -
cascatas de salmões, mares de cavalas,
peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão
tudo quanto se engendra, nasce e morre.
Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam
os monumentos de intemporal saber. 

II
Um velho é coisa sem valor,
um andrajo apoiado num bordão, a não ser que
a alma aplauda e cante, e cante mais alto
cada farrapo da sua mortal veste.
Nem há escola de canto somente o estudo
dos monumentos de seu próprio esplendor;
por isso cruzei os mares e cheguei
à sagrada cidade de Bizâncio. 

III
Oh, sábios que estais no sagrado fogo de Deus
qual dourado mosaico sobre um muro,
vinde desse fogo sagrado, roda que gira,
e sede os mestres do meu canto, da minha alma.
Devorai este meu coração; doente de desejo
e atado a um animal agonizante
ele não sabe o que é; juntai-me
ao artifício da eternidade. 

IV
Da natureza liberto jamais de natural coisa
retomarei minha forma, meu corpo,
mas formas outras como as que o ourives grego
em ouro forja e esmalta em ouro
para que o sonolento Imperador não adormeça;
ou em dourado ramo pousado, cantarei
Para damas e senhores de Bizâncio
cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá.

 

W.B. Yeats

(Trad. J.A. Baptista)

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