(Ó Joel!)
Mas Joel não estava para conversas.
Fulminara-o um apelo no caminho de Damasco e não tinha que
dar satisfações a ninguém.
Na semi-obscuridade não explodiram labaredas pirotécnicas
nem ressoaram vozes divinais, mas impuseram-se, súbitas, vibrantes,
imperativas, reminiscências de canções e trechos de letras mal recordadas.
E foi como (este ‘como’ não introduz metáforas, por ora, que
as reservo para mais tarde, talvez dedicando-lhes meio capítulo ou um inteiro,
para conferir um toque de literaridade petite-bourgeoise, muito vendável, a
este texto...) a sala se enchesse de pequenas multidões juvenis, vestidas de
bombazina e cabedal, que em coro, balanceando os corpos, cantassem arrebatados
louvores à Revolução de Outubro, a Lenine e à Maria da Fonte.
MÁRIO DE CARVALHO
Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto
(1995)
Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto
(1995)
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