RUÍNAS
Por onde
quer que tenha começado,
pelo corpo
ou pelo sentido,
ficou tudo
por fazer, o feito e o não feito,
como num
sono agitado interrompido.
O teu nome
tinha alturas inacessíveis
e lugares
mal iluminados onde
se escondiam
animais tímidos que só à noite se mostravam
e deveria
talvez ter começado por aí.
Agora é
tarde, do que podia
ter sido
restam ruínas;
sobre elas
construirei a minha igreja
como quem,
ao fim do dia, volta a uma casa.
Manuel António Pina