Cuando vivías en la Castellana
usabas un perfume tan amargo
que mis manos sufrían al rozarte
y se me ahogaban de melancolía.
Si íbamos a cenar, o si las gordas
daban alguna fiesta, tu perfume
lo echaba a perder todo. No sé dónde
compraste aquel extracto de tragedia,
aquel ácido aroma de martirio.
Lo que sé es que lo huelo todavía
cuando paseo por la Castellana
muerto de amor, junto al antiguo hipódromo,
y me sigue matando su veneno.
Luis Alberto de Cuenca
Quando vivias na Castellana
usavas um perfume tão amargo
que as minhas mãos sofriam só de tocar-te
e afogavam-se-me de melancolia.
Se íamos jantar, ou se as gordas
davam uma festa, o teu perfume
deitava tudo a perder. Não sei onde
compraste aquele extracto de tragédia,
aquele ácido aroma de martírio.
O que sei é que ainda o sinto
quando passeio na Castellana,
morto de amor, ao pé do hipódromo,
e mata-me ainda o seu veneno.
(Trad. A.M.)
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