20.4.16

Juan Luis Panero (Não há palavras)





NO HAY PALABRAS



Tocas un cuerpo, sientes su repetido temblor
bajo tus dedos, el cálido transcurrir de la sangre.
Recorres la estremecida tibieza,
sus corporales sombras, su desvelado resplandor.
No hay palabras. Tocas un cuerpo; un mundo
llena ahora tus manos, empuja su destino.
A través de tu pecho el tiempo pasa,
golpea como un látigo junto a tus labios.
Las horas, un instante se detienen
y arrancas tu pequeña porción de eternidad.
Fueron antes los nombres y las fechas,
la historia clara, lúcida, de dos rostros distantes.
Después, lo que llamas amor, quizá se torne forzada promesa,
levantado muro pretendiendo encerrar,
aquello que únicamente en libertad puede ganarse.
No importa, ahora no importa.
Tocas un cuerpo, en él te hundes,
palpas la vida, real, común. No estás ya solo.


Juan Luis Panero

[Noctambulario]



Tocas um corpo, sentes-lhe o tremor
sob os dedos, o cálido curso do sangue.
Percorres o quente estremecido,
as sombras corporais, o desvelado esplendor.
Não há palavras. Tocas um corpo, um mundo
enche-te as mãos, empurra o seu destino.
Através do teu peito o tempo passa,
fere-te como um látego ao pé dos lábios.
As horas detêm-se por um instante,
para que arranques teu quinhão de eternidade.
Foram dantes os nomes e as datas,
a história lúcida, clara, de dois rostos distantes.
Depois, o que chamas amor talvez se torne forçada promessa,
muro elevado que pretende encerrar
aquilo que só em liberdade se pode ganhar.
Não importa, já não importa.
Tocas um corpo, afundas-te nele,
palpas a vida, real, comum. Já não estás só.

(Trad. A.M.)


> Outra versão: Blog 1.º esquerdo (B.A.Rua)

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