Nesta invernia que não pára vamos deter-nos num alvorecer em particular.
O de terça-feira, 19- Dezembro-1961.
Os homens atribuem ou não números diversos a cada madrugada por muito semelhante que se pareça com qualquer das que a precederam?
A verdade é que cada manhã que se ergue, preguiçosa, da sua tarimba e nos saúda com rigores e exigências militares, exibe o rosto baço ou afogueado, conforme as estações, uma etiqueta com algarismos sempre novos.
É bem sabido que o tempo converte mais gente que a razão.
A manhã que rompe não sabe disso nem se importa.
Mas incomodam-se aqueles que sabem que cada toque de alvorada fere um timbre que nunca se repete.
Por que assomamos à janela todas as manhãs?
Por que espreitamos o céu?
Porque ele é, todos os dias, o risco que devemos enfrentar. (n. 1)
ALEXANDRE
PINHEIRO TORRES
Espingardas
e Música Clássica
(1987)
(1987)
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