Nunca imaginei – disse a Beatriz – estou mesmo apaixonada por ele.
Eu disse: até ao próximo.
És o meu melhor amigo – disse a Beatriz – fazemos um pacto? ficamos para sempre melhores amigos?
Para sempre – repetiu a Beatriz – quase como se fossemos casados, é esse o pacto.
Respondi: todos os pactos.
Dei-lhe um beijo e parti.
Desci pelas escadas e meti-me no carro.
Não liguei o motor.
Decidir primeiro o que me apetece.
Melhores amigos.
Quase como se fossemos casados – diz ela.
Faltava essa.
Depois do casamento entre pessoas do mesmo sexo, há-de vir o casamento sem sexo.
Como é que ninguém ainda se lembrou disso? (p. 245)
PAULO CASTILHO
O Sonho Português
(2015)
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