21.4.14

Jorge Luis Borges (Os meus livros)





MIS LIBROS



Mis libros (que no saben que yo existo)
son tan parte de mí como este rostro
de sienes grises y de grises ojos
que vanamente busco en los cristales
y que recorro con la mano cóncava.
No sin alguna lógica amargura
pienso que las palabras esenciales
que me expresan están en esas hojas
que no saben quién soy, no en las que he escrito.
Mejor así. Las voces de los muertos
me dirán para siempre.

Jorge Luis Borges

[Autores editores]



Meus livros (que não sabem que eu existo)
são tão parte de mim como este rosto
de têmporas e olhos cinzentos
que em vão procuro nos espelhos
e que percorro com a mão em concha.
Não sem certa amargura
penso que as palavras essenciais,
que me expressam, estão nessas folhas
que não sabem quem eu sou, não naquelas que escrevi.
Melhor assim. As vozes dos mortos
dir-me-ão para sempre.

(Trad. A.M.)

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