21.5.13

Marcos Tramón (Fugacidades)





FUGACIDADES



Noite de estrelas;
em tua mão, minha mão.
O infinito.

*

Houve um tumulto
de vida em meu redor.
Há só silêncio.

*

Passam os anos,
meu coração desnudo
guarda grinaldas.

*

É só tristeza,
estranheza de ser,
melancolia.

*

Fecho os olhos,
a luz do mundo em sombra
reaparece.

*

Chega o outono;
cai uma folha, leve,
sobre teu rosto.

*

À média luz,
tu, caprichosa e livre,
como uma lembrança.

*

Somos matéria
corrupta, nada mais,
feitos de tempo.

*

São duas amigas,
a brincar nas rosas
daquele jardim.

*

Feliz, a lua;
estamos sós eu e tu
no segredo.

*

Teus caracóis, ontem,
o Gianicolo; eterno
amor a Roma.

*

Um poema é isto:
exercício carregado
de solidão.


MARCOS TRAMÓN
Desgana
Gijón (2010)

(Trad. A.M.)

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