11.5.13

Amadeu Baptista (Mil novecentos setenta e quatro)





MIL NOVECENTOS E SETENTA E QUATRO



Cai o silêncio sobre o alinhamento
hostil das casernas.

A guerra está no fim,
já só alguns de nós irão morrer.

No torpor absurdo da paz da parada,
há uma bala tracejante que passa,
um trovão.

Matou-se o mancebo da 2ª. companhia
que recusava a farda.

O crânio estilhaçado,
impossível de ver,
está ali, bem à nossa frente.

Noite, mais noite, é todo o dia assim.

O arame farpado que nos limita
a escolha
chora pequenas lágrimas perfiladas no fio
da nossa inocência ofendida.


Amadeu Baptista


[Amadeu Baptista]

.