4.12.10

Federico Díaz-Granados (Albergue de passagem)






HOSPEDAJE DE PASO




Nunca he conocido a los inquilinos de mi vida.
No he sabido cuándo salen, cuándo entran,
en qué estación desconocida descansan sus miserias.
Las mujeres han salido de este cuerpo a los portazos
quejándose de mi tristeza,
en algunas temporadas se han quejado de humedad
de mucho frío, de algún extraño moho en la alacena.


Se marchan siempre sin pagar los inquilinos de mi vida
y el patio queda nuevamente solo.
Mi corazón deja de ser una posada de hambrientos
que acoge a todos los pájaros que llegan del verano
y aguardan a que regreses por tus cosas
a este hotel de paso donde siempre es de noche.



Federico Díaz-Granados






Nunca conheci os meus inquilinos da vida.
Não sei quando saem, nem quando entram,
em que estação ignota descansam de suas misérias.
As mulheres têm saído deste corpo a bater com as portas
queixando-se da minha tristeza,
mas já se têm queixado da humidade,
de muito frio, até de mofo nos armários.


Vão-se sempre sem pagar os meus inquilinos da vida
e o pátio fica novamente vazio.
Meu coração deixa de ser albergue de famintos
para acolher os pássaros todos que arribam no verão
e esperam que voltes pelas tuas coisas
a este hotel de passagem em que é sempre noite.



(Trad. A.M.)

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