5 -SEPTIEMBRE-2008
Catorce
años después,
cuanto
queda de mi padre es una sucesión
de
imágenes
inconexas,
y cada vez más huecos,
y
algunos recuerdos minuciosos,
sobre
todo de aquellos últimos meses.
Me ha
costado todos estos años aprender
que
cuando la memoria se convierte
en un
rastro que conduce a ninguna parte,
sólo
puede aliviarnos
esta
liturgia de acercarnos al cementerio,
limpiar
de tierra y excrementos de pájaro
la
lápida, maldecir que haya más líquenes
en la
inscripción y arrancar los hierbajos
que
han ido creciendo.
Atar
luego a la cruz unas flores de plástico
y
dejar tumbado en la tierra
un
ramo de claveles. Y rezar,
sin
devoción, pero por si acaso,
un
padrenuestro
por
la vida eterna en que él confiaba.
Jacob Iglesias
Catorze anos depois,
tudo o que resta de meu pai é uma sucessão
de imagens
desconexas, espaços vazios
e algumas lembranças minuciosas,
mais daqueles últimos meses.
Custou-me aprender nestes anos todos
que quando a memória se converte
num rasto que não leva a lado nenhum,
só nos alivia
esta liturgia de passar no cemitério,
limpar a lápide das cagadelas dos pássaros,
praguejar de haver mais líquenes
na inscrição e arrancar os argalhos
que foram crescendo.
Prender depois na cruz umas flores de plástico
e deixar na terra caído
um ramo de cravos. E rezar,
sem devoção, mas por cautela,
um padre-nosso
pela vida eterna em que ele confiava.
tudo o que resta de meu pai é uma sucessão
de imagens
desconexas, espaços vazios
e algumas lembranças minuciosas,
mais daqueles últimos meses.
Custou-me aprender nestes anos todos
que quando a memória se converte
num rasto que não leva a lado nenhum,
só nos alivia
esta liturgia de passar no cemitério,
limpar a lápide das cagadelas dos pássaros,
praguejar de haver mais líquenes
na inscrição e arrancar os argalhos
que foram crescendo.
Prender depois na cruz umas flores de plástico
e deixar na terra caído
um ramo de cravos. E rezar,
sem devoção, mas por cautela,
um padre-nosso
pela vida eterna em que ele confiava.
(Trad. A.M.)
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