11.3.18

Ernesto Pérez Vallejo (Eu chamo-me Ernesto)






Me llamo Ernesto.
Nadie me llama Ernesto.
Nadie me llama.

Nadie no es una persona.
Nadie es nada.
Cero.
Folio en blanco. 
Teléfono sin agenda.
Amor sin wifi.

He amado a casi todas las mujeres
que se han cruzado conmigo. 
Ellas no lo saben.
En su ignorancia salvo el ridículo.

Soy de los que se caen 
y hacen como que están buscando una moneda.
Prefiero que me tachen de pobre
que de vértigo.

Prefiero que me tachen.

Que nadie me llame.
Nadie de ella.

Ojalá fueras nadie.

Tú, que te crees Alma,
que te llamo Alma,
que te gritan rubia en los pasos de peatones,
que te silban a Vivaldi en la boca del metro.

Ojala yo fuera la boca de un metro.
Que tu boca estuviera a un metro de mi boca. 
Que entraras y salieras cada mañana
sin reconocer que mi lengua
te lame los lunes más pesados de la nuca.

Ojalá fuera lunes.
Y no me llamara Ernesto.
Y no amara a todas las mujeres
que se cruzan por mi vida.

Que hubiera una moneda tras la caída.
Que saliera cara. 
Tu cara.
Que pensaran todos que he tenido suerte
y no vértigo.

Y quedarme en el suelo
hasta que nadie me levante
y me llame por mi nombre.
Una vez.

Pero nadie de todo.
Del total y de rubia.
Y de Vivaldi
Y de boca de metro.
Y de Alma.
Sobre todo de Alma.

Ernesto Pérez Vallejo





Eu chamo-me Ernesto.
Ninguém me chama Ernesto.
Ninguém me chama.

Ninguém não é uma pessoa.
Ninguém é nada.
Zero.
Folha em branco.
Telefone sem agenda.
Amor sem wi-fi.

Amei quase as mulheres todas
que se cruzaram comigo.
Sem elas saberem,
no que me poupo ao ridículo.

Eu sou daqueles que caem
e fazem que estão à procura de uma moeda.
Prefiro que me acoimem de pobre
a que me acusem de vertigem.

Prefiro que me acoimem.

Que ninguém me chame.
Ninguém dela.

Quem dera tu fosses ninguém.

Tu, que te crês Alma,
que eu chamo Alma,
que os outros gritam loira nas passadeiras de peões,
que te assobiam Vivaldi na boca do metro.

Fosse eu a boca de um metro.
Ou tua boca estivesse a um metro da minha boca.
Ou tu entrasses e saísses de manhã
sem reconhecer-me a língua
a lamber-te as segundas mais pesadas da nuca.

Oxalá fosse segunda.
E eu não me chamasse Ernesto.
E não amasse as mulheres todas
que se me atravessam na via.

Que houvesse mesmo uma moeda quando caio.
E fosse cara.
A tua cara.
E todos pensassem que eu tive sorte, sim,
não vertigem.

E ficasse pelo chão
até ninguém me levantar
e me chamar pelo nome.
Uma vez.

Mas ninguém de todo.
De todos e da loira.
E de Vivaldi.
E da boca do metro.
E de Alma.
De Alma, sobretudo.


(Trad. A.M.)

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