Que sea primavera
cuando escribas,
y el día, como hoy,
tenga un sol cuya luz
no proyecte más sombra
que la que dan las alas
de los pájaros.
Que tus pasos se alejen
más de ti,
y que cada palabra,
cada verso,
sean los que esperabas
y no acababan nunca
de llegar.
Y cuando estés muy lejos
y hayas dejado atrás
las dunas del desierto,
donde las flores vuelvan
a brotar,
no te
importe seguir.
José Corredor-Matheos
Que seja
Primavera
quando escreveres,
quando escreveres,
e o dia,
como hoje,
tenha um sol
cuja luz
não projecte mais sombra
que aquela que dão
as asas dos pássaros.
não projecte mais sombra
que aquela que dão
as asas dos pássaros.
Que teus
passos se afastem
mais de ti,
mais de ti,
e cada
palavra,
cada verso,
sejam os que
esperavas
e nunca mais
acabavam de vir.
E quando
estiveres muito longe
e tiveres
deixado para trás
as dunas do
deserto,
onde as flores brotem de novo,
onde as flores brotem de novo,
não te
importe continuar.
(Trad. A.M.)
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