Quem era que
ia poder botar naquilo uma ordem, para um fim com vitória?
E estralou
bala...
Repisei em
minhas estribeiras, apertei as pernas nas espendas.
Eu tinha de
comandar.
Eu estava
sozinho!
Eu mesmo,
mim, não guerreei.
Sou Zé
Bebelo?!
Permaneci.
Eu podia
tudo ver, com friezas, escorrido de todo medo.
Nem ira eu
tinha.
A minha
raiva já estava abalada.
E mesmo,
ver, tão em embaralhado, de que é que me servia?
Conservei em
punho meu revólver, mas cruzei os braços.
Fechei os olhos.
Só com o
constante poder de minhas pernas, eu ensinava a quietidão a Siruiz meu cavalo.
E tudo
perpassante perpassou.
O que eu
tinha, que era a minha parte, era isso: eu comandar.
Talmente eu
podia lá ir, com todos me misturar, enviar por?
Não!
Só comandei.
Comandei o mundo,
que desmanchando todo estavam.
Que comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem.
Que comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem.
JOÃO GUIMARÃES ROSA
Grande Sertão: Veredas
(1956)
Grande Sertão: Veredas
(1956)