SOCAVÓN
(calle en obras)
Se parece a ti misma, soledad,
esta acera, ahí
abierta, con su herida asomada,
su intestino
de plástico. Ese plástico lleno
de aluminio y de frío, su azul
descolorido,
empozado entre fango. Por las
secas bajantes del olvido,
donde ya
nadie pasa
ni llega, y sólo abundan pasado
y otros útiles
de ferretería, esta acera
llagada, ahí
abierta, se parece a ti misma,
soledad,
seas quien seas.
Adolfo Cueto
É parecida contigo, solidão, esta calçada,
esventrada, com as tripas à mostra, seu intestino
de plástico. Esse plástico cheio
de alumínio e de frio, seu azul descolorido,
atascado de lama.
Pelas ladeiras do esquecimento,
onde já ninguém passa,
a ir ou a vir,
onde abundam o passado e algumas ferramentas,
esta calçada em ferida, assim exposta,
é parecida contigo, solidão,
sejas lá tu quem fores.
esventrada, com as tripas à mostra, seu intestino
de plástico. Esse plástico cheio
de alumínio e de frio, seu azul descolorido,
atascado de lama.
Pelas ladeiras do esquecimento,
onde já ninguém passa,
a ir ou a vir,
onde abundam o passado e algumas ferramentas,
esta calçada em ferida, assim exposta,
é parecida contigo, solidão,
sejas lá tu quem fores.
(Trad. A.M.)