10.7.16

Miguel Martins (Agora)






Agora, levantava-me...
Lá fora, outra cidade,
inusitada e mansa,
um útero de néon.


Agora, era para sempre
e sem monotonia:
um fogo-de-artifício,
a cona-abelha-mestra.


Agora, era de tarde,
toda lavanda e mel,
ambos em demasia,
exacta demasia.


Agora, tinha sido
um amanhã canoro,
memória antecipada,
um cinzel expectante.


E depois era agora:
o medo de não ser,
o medo de não ter
teu coração no bolso.


Miguel Martins



[Miss Marble]

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