A LUZ NÃO ESCRITA
Algo se acende às vezes
no poema:
uma chispa só
que vem de distantes
fogueiras, o fugaz
resplendor de um relâmpago, o reflexo
de um mineral explodindo para além da linguagem,
um violento clarão de enxofre,
farol de náufragos que serve só
para alumiar a noite dos signos.
Quantas vezes queríamos
soletrar o fogo
ou talvez, chama a chama, traduzi-lo,
converter em fogueira
cada palavra, reduzir cada nome
à sua própria brasa.
Mas inútil é pretender
que a luz brilhe em cada sílaba.
Pedro A. González Moreno
(Trad. A.M.)
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