Quando regresso do mar venho sempre estonteado e cheio de luz que me trespassa.
Tomo então apontamentos rápidos – seis linhas – um tipo – uma paisagem.
Foi assim que coligi este livro, juntando-lhe algumas páginas de memórias.
Meia dúzia de esboços afinal, que, como certos quadrinhos do ar livre, são melhores quando ficam por acabar.
Estas linhas de saudade aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento.
Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado...
Basta pegar num velho búzio para se perceber distintamente a grande voz do mar.
Criou-se com ele e guardou-a para sempre.
– Eu também nunca mais a esqueci...
- RAUL BRANDÃO,
Os Pescadores (Epígrafe)
.