6.10.13

Ruben A. (Os Barbelas-I)





Quando a linha do horizonte baixava em intensidade e os fumos azulados batiam a favor do vento e do andar das coisas, naquela dimensão abrupta que testemunhava o acender das constelações, os Barbelas realizavam-se vindos do sonho e da fantasia para os reais domínios da Torre.

De noite, ressuscitavam e, de companhia, traziam os amores e os ódios de outras eras e de outras sensibilidades, os dramas pessoais e a contagem de fábulas capazes de entrarem pelas goelas aveludadas dos vizinhos de Serzedelo e de Vitorino das Donas.

Aquele ressuscitar transfigurava a Torre.

A procissão saía pé ante pé dos túmulos de pedra, dos sarcófagos egípcios – trazidos por Dom Payo da Barbela quando das sua incursões por terras do Prestes João – e também da vala comum surgiam ainda os apátridas, filhos ilegítimos, frades, freiras, e os que remotamente pertenciam à venerável espérmia da Torre.


- RUBEN A., A Torre da Barbela, 1964, I.

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