19.6.11

Ida Vitale (Exílios)





EXILIOS



Están aquí y allá: de paso,
en ningún lado.
Cada horizonte: donde un ascua atrae.
Podrían ir hacia cualquier fisura.
No hay brújula ni voces.

Cruzan desiertos que el bravo sol
o que la helada queman
y campos infinitos sin el límite
que los vuelve reales,
que los haría de solidez y pasto.

La mirada se acuesta como un perro,
sin siquiera el recurso de mover una cola.
La mirada se acuesta o retrocede,
se pulveriza por el aire
si nadie la devuelve.
No regresa a la sangre ni alcanza
a quien debiera.

Se disuelve, tan solo.


Ida Vitale





Estão de passagem, aqui e ali,
em parte nenhuma.
Cada horizonte, o que o fogo atrai.
Podiam passar uma fenda qualquer.
Não há bússola, nem mesmo vozes.

Atravessam desertos queimados
do sol ou da geada,
campos infinitos sem um limite
que os torne reais,
de pasto e consistência.

O olhar deita-se como um cachorro,
sem o recurso sequer de abanar o rabo.
O olhar deita-se ou retrocede,
desfaz-se pelo ar
se ninguém o devolve.
Não torna para o sangue
nem alcança quem devia.

Dissolve-se, apenas.


(Trad. A.M.)

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