7.1.17

João Guimarães Rosa (A cavalhada)





Quando, então, trouxeram reunidos todos os animais, estavam ajuntando a cavalhada. Regulava subida manhã, orçado o sol, e eles redondeavam no aprazível – tropilha grande, pondo poeira, dado o alvoroço de muitos cascos.
Fiz um rebuliz?
Dou confesso o que foi: era de mim que eles estavam espantados.
Aí porque a cavalaria me viu chegar, e se estrepoliu.
O que é que cavalo sabe?
Uns deles rinchavam de medo; cavalo sempre relincha exagerado.
Ardido aquele nitrinte riso fininho, e, como não podiam se escapulir para longe, que uns suavam, e já escumavam e retremiam, que com as orelhas apontavam.
 Assim ficaram, mas murchando e obedecendo, quando, com uma raiva tão repentina, eu pulei para o meio deles: - “Barzabu! Aquieta, cambada!” – que eu gritei.
Me avaliaram.
Mesmo pus a mão no lombo dum, que emagreceu à vista, encurtando e baixando a cabeça, arrufava a crina, conforme terminou o bufo de bufor.


JOÃO GUIMARÃES ROSA
Grande Sertão: Veredas
(1956)
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