22.9.23

João de Mancelos (São agora tão frágeis)




são agora tão frágeis, os nomes 
das raparigas que, em tempos,
eram a estrela e o milagre.

elegias a deus nenhum,
santuários de amor abandonados,
no sangue seco do tempo. 

reduziram-se a meros acidentes,
no silêncio perfeito
que a memória deita a meu lado. 

e, porém, esses nomes ardem
ainda no país longínquo da noite
e, sílaba a sílaba, queimam o meu sono. 

 

JOÃO DE MANCELOS
A Sombra de um Homem Só
- Poemas seleccionados
Lisboa (Colibri), 2022

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