ELEGIA DA EREIRA
À luz
deste azeite estelar
a que chamam luar
e que é apenas o fulgor
da cal a evaporar-se
com os ossos humanos,
são as aves
o menos que choramos.
Lágrimas desprendidas
dum olhar terrestre
que a loucura escurece,
lá vamos nós,
lá somos, mestre,
aquelas sombras flutuando no luar.
E no entanto a terra,
esse magoado coração do espaço,
chama ainda por nós.
Que lhe diremos, mestre,
tão pobres e tão sós?
Carlos de Oliveira