17.12.22

Mariano Crespo (O Cosmos segundo meu universo)




EL COSMOS SEGÚN MI UNIVERSO 

 

Las cosas de las que más he aprendido
no las puedo contar
dando todo lujo de detalles. 

Mi vida,
aunque os parezca mentira,
no la adorno para fascinar
sino la enmascaro en trampas
para no ser descubierto. 

As coisas que mais me ensinaram
não as posso contar
com todo o luxo de pormenores. 

Mis silencios, ay,
aquellos pocos que los conocen
saben de su desgarro
de vísceras y cemento y cables. 

Como los tuyos si aun no has decidido morirte
y paseas a tu cadáver de cuerpo ausente. 

Pese a las apariencias
un órgano atesora todas las conmociones
de la música aunque calle. 

Guardo silencios para no avergonzar a los dioses. 

Y si no que tengan el valor de bajar
y desdecir las palabras que custodio. 

Os regalo eso que se llama orden. 

Segundos fuera. 

En mi caos mando yo.
 

Mariano Crespo

[Faro sin mar]

 

 As coisas que mais me ensinaram
não as posso contar
com grande luxo de detalhes. 

Minha vida,
podendo parecer o contrário,
não a enfeito para fascinar,
antes a cubro com disfarces
para não ser descoberto. 

Meus silêncios, ai,
os poucos que os conhecem
sabem que rasgam
vísceras e cimento e cabos. 

Como também os teus, se não decidiste ainda morrer
e passeias o teu cadáver de corpo ausente. 

Apesar das aparências,
um órgão alberga as emoções todas
da música, mesmo em silêncio. 

Os silêncios eu guardo-os para não envergonhar os deuses. 

E senão, que eles tenham a coragem de descer à terra
é desdizer as palavras que eu guardo. 

Ofereço-vos aquilo a que chamam ordem.

Segundos fora. 

Cá no meu caos mando eu.
 

(Trad. A.M.)

 .