O OBJETO
Há que
dizer-se das coisas
o
somenos que elas são.
Se for
um copo é um copo
se for
um cão é um cão.
Mas
quando o copo se parte
e quando
o cão faz ão ão?
Então o
copo é um caco
e um cão
não passa dum cão.
Quatro
cacos são um copo
quatro latidos
um cão.
Mas se
forem de vidraça
e logo
foram janela?
Mas se
forem de pirraça
e logo
forem cadela?
E se o
copo for rachado?
E se o
cão não tiver dono?
Não é um
copo é um gato
não é um
cão é um chato
que nos
interrompe o sono.
E se o
chato não for chato
e apenas
cão sem coleira?
E se o
copo for de sopa?
Não é um
copo é um prato
não é um
cão é literato
que anda
sem eira nem beira
e não
ganha para a roupa.
E se o
prato for de merda
e o
literato de esquerda?
Parte-se
o prato que é caco
mata-se
o vate que é cão
e
escreveremos então
parte
prato sape gato
vai-te
vate foge cão.
Assim se
chamam as coisas
pelos
nomes que elas são.
José Carlos Ary dos Santos