TESTAMENTO
DO POETA
Não sou
dos que se aceita... a não ser mortos.
Demais,
já desisti de quaisquer portos;
Não peço
a vossa esmola de mendigos.
O mesmo
vos direi, sonhos antigos
De amor!
olhos nos meus outrora absortos!
Corpos
já hoje inchados, velhos, tortos,
Que
fostes o melhor dos meus pascigos!
E o
mesmo digo a tudo e a todos, - hoje
Que tudo
e todos vejo reduzidos,
E ao meu
próprio Deus nego, e o ar me foge.
Para
reaver, porém, todo o Universo,
E amar!
e crer! e achar meus mil sentidos!....
Basta-me
o gesto de contar um verso.
José
Régio