19.5.18

Joaquín Beníto de Lucas (Sem tristeza)





SIN  TRISTEZA



Yo no sé por qué tengo que estar triste.
El mar es grande, la esperanza espera,
el día se hace largo en los veranos
y las noches inventan nuevas formas de vida.

Pero hoy, es decir, esta mañana
del mes de mayo, cuando los rosales
dejan caer los pétalos
de su primera floración,
me acuerdo de la gente que se ha ido
- y es primavera - de los que dijeron
adiós y ya no están
como mis padres, como mis hermanos
y como yo que un día
no muy lejano cerraré los ojos,
dejaré descansar la pluma con que escribo
e iré a su encuentro. Temo
que no me reconozcan, que no sepan
quien soy, yo que he cantado su vida en muchos versos,
y su muerte también, que ellos no habrán leído.
Mas creo que podrán reconocerme
por el olor que deja cada lágrima
vertida en su memoria mientras estaban vivos.


Joaquin Beníto de Lucas





Eu não sei porque tenho de estar triste,
o mar é largo, a esperança espera,
o dia faz-se longo de Verão
e as noites inventam novas formas de vida.

Mas hoje, quer dizer, nesta manhã
do mês de Maio, quando as roseiras
deixam cair as pétalas
da primeira floração,
lembram-me as pessoas que se foram
- e é Primavera - os que disseram
adeus e já cá não estão,
como meus pais, meus irmãos
e como eu que um dia
não muito distante fecharei os olhos,
deixarei em repouso a pena com que escrevo
e irei ao encontro deles. Temo
que não me reconheçam e não saibam
quem eu sou, eu que lhes cantei a vida em muitos versos,
e a morte também, que eles por certo não leram.
Mas poderão reconhecer-me, creio eu,
pelo cheiro de cada lágrima
vertida em sua memória enquanto vivos.


(Trad. A.M.)
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