Pobre mana imerecida, que tantas vezes lhe suscitava a
inconfessável raiva de não estar à altura, e ser incapaz de retribuir a
atenção, o feitio e a solicitude.
Desde sempre a vira sobrecarregada de trabalho, a
desdobrar-se nos cuidados com os outros, com o pai, com a mãe, com o marido,
com o filho, agora com o irmão, num sobrepeso de tarefas, ânsias, desvelos e
fadigas.
Pela vida, habituara-se a ver mulheres cansadas, estava
farto de mulheres cansadas, até por não compreender a assustadora capacidade de
se concentrarem em várias ocupações e de violentarem o corpo até à exaustão.
MÁRIO DE CARVALHO
A Sala Magenta-II
(2008)
A Sala Magenta-II
(2008)
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