DEMOCRACIA
Corre
afogueado o rio do tempo,
que lambe
mazelas e alimenta
desastres.
Ainda ontem eu lia
Marx, com
devoção de neófito,
fugia da
polícia com a pressa
dos
esganados e jurava mudar
o mundo,
mesmo que este, como
aconteceu,
não consentisse. Cedi
a exaltação
dos primeiros poemas
(seria
simpático se também a inépcia),
amores que,
por fortuna, quase acertei
e outros,
que nasceram desacertados.
Acabei
vencido pela descoberta de que
sou, como em
oração fúnebre,
a melhor
versão do pior de mim.
JOSÉ ALBERTO
OLIVEIRA
Como se nada fosse
(2015)
.