3.10.15
Aquilino Ribeiro (Derrancas-me o sangue)
Além de dado à estroina, à jogatilha, e arrastar a asa às cachopas como um galaroz, era rebentio de génio.
Um dia que, cheio de fastio e de sono, dava silabadas sobre silabadas a declinar o Hora/Horae,
o padre-mestre perdeu a paciência, e empilhando-lhe os livros nas mãos, Arte, Genuense, Madureira, empurrou-o para fora da aula:
- Outra vida, amigo, outra vida! Nesta derrancas-me o sangue, gastas o baguinho a teu pai e ficas burro como dantes.
AQUILINO RIBEIRO
Cinco Réis de Gente-II
(1948)
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