PARA QUÊ POETAS EM TEMPOS DE INDIGÊNCIA?
Levantar a gola do casaco,
esconder os punhos da camisa já puídos
e defender, com os dentes cerrados, as palavras:
mas quem aguenta mais este murmúrio vão,
que não colhe mais as flores do mal nem a luz
radiosa na própria miséria?
Resistir, como sempre fizeram os humilhados.
Decorar palavras antigas.
Repeti-las, para que não sejam esquecidas,
aos vindouros.
LUÍS FILIPE CASTRO MENDES
A Misericórdia dos Mercados
Assírio & Alvim (2014)
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Poema possível]
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