Bem perto daqui, no condado apócrifo da Gafeira, há um homem que se inventa quotidianamente para iludir a morte.
Vive entre fumos - fumos da História e não só: a lagoa onde habita desperta todas as manhãs envolta em vapores dos pântanos e por cima tem mais fumo, uma sagração de nuvens.
Nos restos daquele império, que não passa de um amontoado de casebres, um cavername do passado, reúnem-se os descendentes dos velhos servos, mas estão todos à volta de enguias que se contorcem nas brasas: a fumegar.
E a tremular no fumo, ele, o homem que se inventa.
Falo, como é bem de ver, de Tomás Manuel da Palma Bravo, o Delfim.
JOSÉ CARDOSO PIRES
E agora, José?/ Memória descritiva
(1977)
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