'O Delfim' é, intenta ser, a descrição de um homem que através de alienações progressivas se conduz à mitomania.
(O Padre Novo em aparte: 'Você sabe como ele é. Inventa as histórias e depois acredita nelas'.)
Quanto mais o presente lhe põe à vista os sinais do futuro irrevogável, mais ele se alheia da evidência racional e mais carregado se torna o seu traço psicótico.
Mas se é destino dos barões sem crédito sublimarem-se à margem da realidade que os recusa, até que ponto não têm eles de perverter a imagem da mesma realidade para poderem subsistir?
JOSÉ CARDOSO PIRES
E agora, José?/ Memória descritiva
(1977)
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