25.7.13
Jaime Sabines (Quero-te)
TE QUIERO
Te quiero a las diez de la mañana, y a las once, y a las doce del día. Te quiero con toda mi alma y con todo mi cuerpo, a veces, en las tardes de lluvia. Pero a las dos de la tarde, o a las tres, cuando me pongo a pensar en nosotros dos, y tú piensas en la comida o en el trabajo diario, o en las diversiones que no tienes, me pongo a odiarte sordamente, con la mitad del odio que guardo para mí.
Luego vuelvo a quererte, cuando nos acostamos y siento que estás hecha para mí, que de algún modo me lo dicen tu rodilla y tu vientre, que mis manos me convencen de ello, y que no hay otro lugar en donde yo me venga, a donde yo vaya, mejor que tu cuerpo. Tú vienes toda entera a mi encuentro, y los dos desaparecemos un instante, nos metemos en la boca de Dios, hasta que yo te digo que tengo hambre o sueño.
Todos los días te quiero y te odio irremediablemente. Y hay días también, hay horas, en que no te conozco, en que me eres ajena como la mujer de otro. Me preocupan los hombres, me preocupo yo, me distraen mis penas. Es probable que no piense en ti durante mucho tiempo.
Ya ves. ¿Quién podría quererte menos que yo, amor mío?
JAIME SABINES
Diario semanario y poemas en prosa
( 1961)
Quero-te às dez da manhã, e às onze, e às doze do dia que seja. Quero-te com toda a minh’alma e todo o meu corpo, às vezes, em tardes de chuva. Mas às duas da tarde, ou às três, quando me ponho a pensar em nós dois, e tu pensas na comida ou no trabalho quotidiano, ou nas diversões que te faltam, então ponho-me a odiar-te em surdina, com a metade do ódio que guardo para mim.
Depois volto a querer-te, quando nos deitamos e eu sinto que tu foste feita para mim, que mo dizem de algum modo teu joelho e teu ventre, que de tal minhas mãos me convencem, e outro lugar não há melhor que teu corpo para eu ir ou vir. Inteira, tu vens ao meu encontro e por um instante desaparecemos os dois, metemo-nos na boca de Deus, até eu dizer que tenho sono ou fome.
Todos os dias te quero e te odeio sem remédio. E há dias também, há horas, em que nem te conheço, em que me és tão estranha como a mulher alheia. Preocupam-me os homens, preocupo-me eu mesmo, minhas penas me distraem. É provável que não pense em ti por muito tempo.
Estás a ver, quem é que poderia querer-te menos do que eu, amor meu?
(Trad. A.M.)
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