OS JUSTOS
Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece o existir música na terra.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acaricia um animal adormecido.
O que justifica, ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece haver Stevenson neste mundo.
O que prefere que tenham razão os outros.
Essas pessoas, ignoradas, estão salvando o mundo.
O que agradece o existir música na terra.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acaricia um animal adormecido.
O que justifica, ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece haver Stevenson neste mundo.
O que prefere que tenham razão os outros.
Essas pessoas, ignoradas, estão salvando o mundo.
JORGE LUÍS BORGES
La Cifra
(1981)
(Trad. A.M.)
La Cifra
(1981)
(Trad. A.M.)
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