4.11.23

Karmelo C. Iribarren (A última costa)




A ÚLTIMA COSTA

 

Os dias passam
como passam sempre os dias,
sem grandes sobressaltos,
com essa estranha mistura de lentidão e vertigem.

Até esse em que vês vir do outro lado
 - ali entre a névoa, ainda longe -
uma proa a apontar para a tua beira.

E é mesmo então
quando – absolvido
de todos teus erros, perdoado,
com calma por fim, sereno e em paz –
começas a reconciliar-te com a vida.

Mas a proa não deixa de avançar.


Karmelo C. Iribarren

(Trad. A.M.)

 .