12.5.23

Belén Reyes (A poesia é uma arma)




LA POESÍA ES UN ARMA CARGADA DE MERCURIO 

                              (A Amparitxu, a Gabriel)

 

Yo sé que es vida esto que se mueve
entre estas venas rotas y cansadas.
No hay célula que tienda a resistirse.
No quiero ser inmune a nadie, a nada.

 Yo sé, porque me duele cuando escribo,
que Amparitxu se acuerda de Celaya.
La poesía es un arma cargada de mercurio,
a casi todo el mundo se le escapa.
Y no sé por qué insisto en estos tiempos,
se nos van los poetas en silencio,
y luego el homenaje-navajada. 

Hago trenzas de versos, me despeino.
Cuando se hace un milagro hay que dar caña.
Yo sé que es vida esto que se mueve
entre estas venas rotas y cansadas.
La poesía es un arma cargada de mercurio,
-hay una minoría que la atrapa.
Los demás que se apañen con la nómina,
con el vídeo, la coca, o la esperanza.
 

Belén Reyes 

 

Eu sei que é vida isto que se mexe
nestas veias rotas e cansadas.
Não há célula que se atreva a resistir,
nem eu me quero imune a nada, nem a ninguém.

Eu sei, porque me dói quando escrevo,
que Amparitxu se lembra de Celaya.
A poesia é uma arma carregada de mercúrio,
a toda a gente lhe escapa.
E não sei porque insisto nestes tempos,
vão-se-nos os poetas em silêncio,
depois é a homenagem-punhalada.

Faço tranças com versos, despenteio-me,
quando se faz um milagre é preciso acelerar.
Eu sei que é vida isto que se mexe
nestas veias rotas e cansadas.
A poesia é uma arma carregada de mercúrio
- e só a minoria consegue agarrá-la.
Os demais fiquem com a relação,
com o vídeo, a coca, ou a esperança.


(Trad. A.M.)

.