10.3.23

Mario Benedetti (Epílogo)




EPÍLOGO (*)

 

Antes de seu fim imerecido
Luz abriu os olhos uma última vez
e o seu olhar era uma despedida
jamais poderei esquecer 
aqueles olhos tão meus
a resumir uma vida
dando um amor derradeiro 
mais ou menos consciente 
das minhas mãos a tremer
daqui para a frente
mesmo partilhando o tempo
com os próximos, os de sempre meus,
mesmo que pergunte e responda e até ria
minha alma estará só em seu abrigo
resignada involuntária 
rodeada de lembranças inapagáveis 
e insónias tomadas de tristeza
e assim uma noite chegarei em silêncio 
à beira do meu último destino 
 

Mario Benedetti 

(Trad. A.M.)

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(*) De Carmen Alemany Bay, Casa de las Américas, n.° 256/2009, 6-8 (Tributo a Mario)

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