EPÍLOGO (*)
Antes de
seu fim imerecido
Luz
abriu os olhos uma última vez
e o seu
olhar era uma despedida
jamais
poderei esquecer
aqueles
olhos tão meus
a
resumir uma vida
dando um
amor derradeiro
mais ou
menos consciente
das
minhas mãos a tremer
daqui
para a frente
mesmo
partilhando o tempo
com os
próximos, os de sempre meus,
mesmo
que pergunte e responda e até ria
minha
alma estará só em seu abrigo
resignada
involuntária
rodeada
de lembranças inapagáveis
e
insónias tomadas de tristeza
e assim
uma noite chegarei em silêncio
à beira
do meu último destino
Mario Benedetti
(Trad.
A.M.)
(*) De
Carmen Alemany Bay, Casa de las Américas, n.° 256/2009, 6-8
(Tributo a Mario)