AQUI
que
têm acesso ao ar.
Diz-se
que deus se absteve
de
criar servidores para os condenados
ao
tédio.
Morre-se
no emprego
com
a garganta apertada por uma mão
sem
ossos.
Aqui
os anos crescem pouco ou nada.
Os
dias e dias secam na raiz.
Não
há horas felizes.
O
sol sempre se deu bem com gente como esta
que
salpica de chuva os seus pequenos
afazeres
para
ficar em casa.
Gente
com plenos poderes
para
desmanchar a festa que se alonga
para
lá da cabeça.
Diz
um: eu sou o sábio de domingo.
Agora
não me ocupo de dias úteis, de remendos d’alma,
de
fragilidades.
Esperem
por mim mas só depois
da
missa.
Diz
outro: a ética é grega de nascença
movemo-nos
por números, já sentenciava Pitágoras.
Não
cunhamos moeda, não sujamos as mãos
nos
improvisados remos do naufrágio.
O
nosso destino é perguntar.
Parece
que deus quis que não nascesse a obra.
Nascer
que nasça o sol
e
é bastante.
Quem
pergunta ao sonho pelo homem
de
serviço?
Nos
campos vicejam novamente as urtigas
são
restauros agrícolas,
exemplos
a seguir, ordens vindas de cima,
ao
ouvido,
na
sala dos banquetes.
O
mar faz de cão velho e deixa-se ficar
à
espera no patamar dos mitos.
Ninguém
o suporta
nem
ao seu uivar aos pés
da
história.
Comovidos
estamos, com um não sei quê,
um
quanto, um como, uma dor
que
levanta asas
e vai do vale à montanha
como
vão os monges cavaleiros
à
televisão.
Aqui
a cidade abre-se para lá da noite
e
é sempre belo ver a madrugada
a
chorar os seus ídolos.
Aqui
os que têm coração
têm
desconto.
Armando
Silva Carvalho